Comerciantes das cidades do Alto Solimões apreendiam cartões de indígenas do programa federal e contavam com a ajuda de casas lotéricas, segundo jornal.
Conforme explicou o presidente da Associação dos Kanamaris do Vale do Javari, Varney da Silva Tavares Kanamari, ao jornal, o esquema funcionava da seguinte forma: os comerciantes inflavam os preços dos produtos alimentícios que vendiam para garantir o controle do número de índios que moram nas aldeias. O sistema foi usado no século XX e é conhecido como “barracão” – na época, o dono de seringal fornecia alimentos e outros produtos para seus empregados que, por causa do aumento da dívida, não podiam deixar de trabalhar sob pena de tortura e morte.
Nos próximos dias, a Polícia Federal deve ouvir os comerciantes envolvidos no esquema. Eles poderão ser indiciados e responder por crimes de apropriação indevida, estelionato em detrimento de instituições financeiras e furto. As vítimas do grupo também devem ser ouvidas no decorrer da semana. Além de entregar os cartões, as famílias também davam as senhas para os comerciantes. Eles mesmos retiravam o dinheiro do benefício e acompanhavam a movimentação das contas das famílias.
A investigação já tem indícios de que o crime tinha apoio das casas lotéricas e que ele também é cometido nas demais cidades amazonenses que fazem fronteira com a Colômbia e o Peru, em que há predominância da população indígena. A ministra do Desenvolvimento Social e Combate À Fome (MDS), Tareza Campello, demonstrou indignação com o crime praticado pelo comércio do município e encaminhou a denúncia e as apurações feitas posteriormente para a Polícia Federal de Brasília.
No Brasil, 133.161 famílias indígenas recebem o benefício do programa. Beto Marubo, do movimento indígena da região, diz que os programas sociais não entra nas aldeias e avalia que isso incentiva a migração de família do Território Indígena do Vale do Javari para a região urbana em Atalaia do Norte.
Fonte: Veja/Verdade Gospel.
0 comentários: